sábado, 20 de outubro de 2012

As 6 goiabinhas



As "6 goiabinhas" representam o único tipo de evento futuro que realmente justifica a existência do gerenciamento de riscos, que transforma a sua utilização em algo realmente útil. Isso mesmo, a aplicação deste nosso velho conhecido conceito pode ser realmente uma perda de tempo, de energia e de foco naquilo que é realmente importante para seu projeto, caso não seja aplicado como uma ferramenta para gerenciamento proativo. Vou explicar...


É dia de Comitê Executivo de Projetos, um evento mensal, com agenda fixa e que começa às 8:00 a.m., um dia que preciso ter pontualidade "britânica" para chegar ao escritório.
A escola da minha filha (3 anos) abre às 7:00 a.m., moramos em São Paulo, o que dispensa comentários sobre o quanto fica curta a "janela" para assegurar a minha pontualidade em dias de comitê. Ah, é dia de culinária, um evento planejado com uma semana de antecedência e que é muito aguardado por todos. Hoje é dia da Nathalia (minha filha) levar 6 goiabas para a escola.

Vamos exercitar um pouco a análise de riscos neste cenário. Prometo que vai valer a pena... 
Meu objetivo é "não chegar atrasada à reunião de Comitê Executivo de Projetos", então, quantos riscos você identificaria aqui? Um, dois ou mais?
(...)
Agora, esqueça por um momento o gerenciamento de riscos. Pense apenas no que significa ser uma pessoa proativa, prevenida, prudente. Não se preocupe com a definição exata, você sabe o que isso significa. Quais ações você tomaria? 
Provavelmente, como você já está acostumado com a janela de tempo estreita para chegar ao escritório e como você foi avisado com uma semana de antecedência que sua filha teria que levar 6 goiabas pra escola, você apenas asseguraria que no dia do comitê as frutas já estivessem na fruteira da sua casa. Certo?
E, na prática (sem neuroses) seria realmente o máximo a fazer. Afinal, é um evento importante, mas não é uma "cirurgia de coração", então você sabe que não justifica você envolver outros recursos ou gastar mais energia neste contexto, em outras palavras, não justifica, por exemplo, você providenciar que (em dia de comitê) outra pessoa leve a sua filhinha para a escola. 
Desta forma, o único risco (evento futuro) que tem relação direta com meu objetivo (impacta o projeto) e que justifica um gerenciamento proativo (planejamento antecipado e tomada de ação viável preventiva e corretiva) é a "compra das 6 goiabas".

Agora, a pergunta que não quer calar, quando exercitamos a análise de riscos (no terceiro parágrafo), por que imediatamente já pensamos (ou tendemos pensar) em mais de UM risco?!
Um dos principais motivos pra isso é o fato da maioria das pessoas (e, muitas vezes, a gente mesmo) acreditar que o gerente de projeto eficiente é aquele que não será "pego de surpresa" por nada. Mas, isso é impossível, simplesmente pelo fato de que o "controle total" ou não existe, ou não se pode pagar por ele.

Tratar a identificação de riscos como a criação da lista dos itens "eu te avisei" ou "porque o PMO vai olhar", gera uma certa sensação de segurança ou missão cumprida, mas que é mera ilusão. Desta forma, apenas perdemos tempo, reforçamos aquela tese "gestão de riscos não serve pra nada" e arriscamos a credibilidade do gerenciamento de projetos.

O gerenciamento de riscos tem que ser encarado por outro ponto de vista. A gestão de riscos somente tem utilidade, apresenta resultados realmente práticos, quando é vista como sinônimo de gerenciamento proativo, quando é utilizada como uma ferramenta para a proatividade.


E, falando em proatividade, é incontestável que este é um comportamento que se espera de todos na organização. Desta forma, fica ainda mais evidente que a implementação do gerenciamento proativo (ou gestão de riscos) não pode ser uma missão apenas do gerente de projeto. A gestão de riscos é missão de toda a organização. O papel do gerente de projeto é fundamental aqui por ele ser o especialista na utilização desta poderosa ferramenta.


Espero que daqui em diante, você seja mais um neste mundo do gerenciamento de projetos que ao ouvir aquela frase "Gestão de riscos não serve pra nada", possa dizer (em voz alta ou pra si mesmo, aí é com você!): "-Não concordo! A gestão de riscos que eu faço me ajuda a ser proativo e mantem meu foco no que realmente importa para o meu projeto"...

Um grande abraço e não sinta-se só!

6 comentários:

  1. Fico feliz em ter, finalmente, encontrado um espaço tão bem humorado para compartilhar experiências sobre esse assunto que vem me tirando o sono e os cabelos nos últimos tempos...

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    1. Conte comigo, esse espaço veio pra ficar! Continue nos visitando e não sinta-se só.
      Abs,

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  2. Parabéns pela iniciativa!!! Adorei!!!
    Beijos e muito sucesso, Irene

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  3. Como sempre brilhante.... morro de orgulho da minha "mãe".... kkkkk

    beijos, boa sorte e sucesso.

    Léo

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  4. Brilhante como sempre. Morro de orgulho da "minha mãe". kkkkkk

    Beijos, boa sorte e sucesso.

    Léo

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  5. No último dia 13 o aeroporto de Viracopos em Campinas ficou fechado por 45 horas por não possuir equipamento para remoção de uma avião que teve um problema com um dos pneus do trem de pouso. Acho que ninguém pensou "e se" o pneu do trem de pouso furar como se remove um avião neste aeroporto. Não é um contexto de projetos, no entanto, a gestão de riscos é uma responsabilidade da organização como um todo, e nós como gerente de projetos temos a missão de disseminar isso. E a melhor forma é praticando.

    Parabéns!!!
    Meire

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